Viana do Castelo recebeu, esta terça-feira o Prémio de Melhor Município para Viver no domínio ambiental. O galardão foi atribuído a Ricardo Jorge Carvalhido em virtude do projecto “Geoparque Litoral de Viana do Castelo”, desenvolvido numa investigação da Universidade do Minho.
Ricardo Jorge Carvalhido, geólogo da UMinho e líder científico do projecto, fala sobre o prémio.
Depois de ganhar o Prémio Geoconservação 2016, pelo grupo português da Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico, o Geoparque Litoral de Viana do Castelo foi novamente distinguido, este ano com o galardão atribuído a Viana do Castelo como o Melhor Município para Viver. O galardão do Instituto de Tecnologia Comportamental foi recebido esta Terça-feira de manhã por Ricardo Jorge Carvalhido, geólogo da UMinho e líder científico do projecto, na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.
Em declarações à RUM, o geólogo afirma que “o Município de Viana do Castelo apresentou a sua candidatura ao concurso com o seu projecto mais inovador, o Geoparque Litoral de Viana do Castelo, e venceu dentro de um painél de mais de 15 projectos”.
O “Geoparque Litoral de Viana do Castelo”, aspirante à rede mundial de geoparques da UNESCO, preserva 13 geossítios classificados como monumentos naturais, revelando mais de 500 milhões de anos da evolução geológica do planeta. Resulta de dez anos de estudo de Ricardo Jorge Carvalhido, incluindo o doutoramento, artigos em revistas internacionais, as obras “O Livro de Pedra” e “O Livro do Professor”, guias para os cidadãos e formações/acções a técnicos, docentes e alunos.
Para o geólogo da UMinho este prémio é motivo de “grande orgulho”, sobretudo por ser o escolhido “entre outros projectos igualmente inovadores”. Ricardo Jorge Carvalhido acrescenta ainda que “este projecto surgiu de uma investigação que se iniciou em 2005 na Universidade do Minho e começa agora a ter alguma visibilidade e implementação no território e impacto na vida das pessoas”.
Primeiro Orçamento Participativo Escolar de Viana do Castelo
A Câmara Municipal de Viana do Castelo divulgou ontem os resultados da primeira edição do Orçamento Participativo Escolar (OPE) de Viana do Castelo, centrado na instalação da Rede Escolar de Ciência e de Apoio à Investigação Científica e no estímulo ao desenvolvimento de projetos interdisciplinares e interagrupamento.
A apresentação dos resultados é o culminar de um longo trabalho que iniciou com a fase de apresentação da Rede Escolar de Ciência/OPE e decorreu nos 7 agrupamentos públicos e nas 2 escolas privadas, entre 20 de fevereiro e 10 de março de 2017, tendo contado com a presença de 1177 docentes nas sessões de trabalho.
As 9 instituições de ensino apresentaram 19 projetos, revistos e validados pela equipa científica do geoparque e que centram essencialmente nas vertentes da comunicação de ciência, na recolha e registo de património imaterial, na conservação de amostras pedagógicas, em registos fotográficos, em estudos de apoio à interpretação dos ambiente e biodiversidade ancestrais, à monitorização e interpretação de processos dinâmicos com base em fotografia aérea.
Dos dezanove projetos apresentados e validados, sete dedicam-se ao 1º ciclo – Conhecer para Preservar: o rio, o mar, a flora e o relevo (Santa Maria Maior); Viana é aMAR (Abelheira); As algas nos seus habitats (Externato João Bosco); Algas, para que vos quero!* (Externato João Bosco); Gotinhas em Movimento – Educar para Preservar (Pintor José de Brito); Descobrindo o património ambiental e construído (Barroselas) e Olhar o Rio, Fixar a Serra: geossítios do geoparque (Arga e Lima). Foram também submetidos a sufrágio dois projetos para o 2º ciclo – O valor das espécies naturais de Portugal (Monte da Ola) e Escrito na Rocha* (Abelheira) e 1 para o ensino Secundário Profissional – O Homem no seu Tempo e no seu Lugar (Monserrate). Foram apresentados e validados 9 projetos interciclo – O Maravilhoso Mundo da Areia (Monserrate)*; Imagens da Ciência pela Pintor* (Pintor José de Brito); Os sedimentos, e o passado e o presente das rochas* (Santa Maria Maior); À Descoberta das Rochas e dos Minerais* (Monte da Ola); O impacto e os vestígios da Pequena Idade do Gelo nas freguesias de Darque, Vila Nova de Anha, Chafé e Castelo de Neiva (Monte da Ola); Narrar a Terra com Ciência e Arte (Colégio do Minho); O nosso património com criatividade e imaginação* (Colégio do Minho); A nossa história escrita nas rochas (Barroselas) e Olhar o Rio, Fixar a Serra: memória(s) geo(cultural) de Arga e Lima* (Arga e Lima).
O processo de votação dos 19 projetos decorreu entre 22 de maio e 2 de junho, tendo sido apurados um total de 7458 votos válidos de alunos e docentes (projetos vencedores assinalados com *).
Ontem, numa cerimónia presidida pela Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior e onde estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal, os diretores de Agrupamento e das Escolas da Rede Privada e os docentes autores dos projetos, foi também lançado o Livro de Projetos para a Flexibilização Curricular da Rede Escolar de Ciência e de Apoio à Investigação Científica, uma ferramenta didática de suporte à metodologia de projeto que irá ser implementada durante o próximo ano letivo, abrangendo um universo de cerca de 3000 alunos.
Por fim, importa referir que o OPE Viana do Castelo e a criação da Rede Escolar de Ciência e de Apoio à Investigação Cientifica é uma resposta concreta às recentes orientações do Ministério da Educação, nomeadamente na pretensão de flexibilização curricular, dando autonomia em 25% do currículo às escolas: o Agrupamento de Escolas da Abelheira, o Agrupamento de Escolas de Arga e Lima, o Externato S. João Bosco e o Agrupamento de Escolas de Sta. Maria Maior, apresentaram projetos com garantia de flexibilização de até 10% da gestão curricular. As restantes instituições – Agrupamento de Escolas de Monserrate, o Colégio do Minho, Agrupamento de Escolas de Barroselas, Agrupamento de Escolas do Pintor José de Brito e o Agrupamento de Escolas do Monte da Ola vão implementar projetos que autonomizam 25% da gestão curricular das disciplinas envolvidas.
Projeto do Geoparque do Litoral Norte garante Prémio de Melhor Município para Viver
O júri dos “Melhores Municípios para Viver 2017”, iniciativa promovida pelo Instituto de Tecnologia Comportamental (INTEC), acaba de atribuir à Câmara Municipal de Viana do Castelo o Prémio no domínio ambiental pelo projeto “Geoparque do Litoral de Viana do Castelo”. Esta entidade classifica o geoparque como “uma extensa área territorial com um sensível interesse geológico aliando tal interesse à conservação ambiental e promoção de desenvolvimento, baseado na geoconservação socioeconómica sustentável, educação e turismo”.
O projeto, que se centra em toda a área do concelho e descreve em pormenor os interesses geológicos, turísticos e ambientes, tem por missão contribuir para a proteção, valorização e dinamização do património natural e cultural, com especial ênfase no património geológico, numa perspetiva de aprofundamento e divulgação do conhecimento científico, promovendo o turismo e o desenvolvimento sustentável.
E, pelo trabalho desenvolvido, a Câmara Municipal já tinha recebido o Prémio Geoconservação 2016 atribuído pelo grupo português da ProGEO, a Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico. O Prémio Geoconservação é, desde 2004, uma iniciativa da ProGEO-Portugal que pretende destacar os trabalhos desenvolvidos pelas autarquias na conservação e promoção do património geológico dos respetivos concelhos. O júri foi constituído por representantes da ProGEO-Portugal, da Associação Portuguesa de Geólogos, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e da National Geographic-Portugal.
Em 2013, o INTEC – Instituto de Tecnologia Comportamental, atribuiu também o prémio “Melhor Município para Viver” em 2013 na categoria de Economia, pelo trabalho desenvolvido no âmbito do projeto Centro de Mar e da economia do mar.
A entrega do Prémio Ambiente está marcada para dia 27 de junho numa cerimónia que decorrerá na faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, na Cidade Universitária.
Geoparque Litoral de Viana do Castelo é parceiro do projeto “Mar Maior”
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Geoparque Litoral de Viana do Castelo cria Rede Escolar de Ciência e de Apoio à Investigação Científica
O Geoparque Litoral de Viana do Castelo vai criar uma Rede Escolar de Ciência e de Apoio à Investigação Científica, em colaboração com os agrupamentos de escola. A rede, que vai ser implementada a partir do próximo ano letivo, é constituída por 6 unidades laboratoriais e um núcleo de memória, instaladas nas escolas sede de agrupamento.
A rede é composta pelos Laboratório de processamento de Amostras em Sedimentologia, Laboratório de Sondagem Mecânica e Geofísica, Laboratório de Comunicação de Ciência, Laboratório de Processamento de Amostras em Petrologia, Laboratório de Microscopia e Petrografia, Laboratório de Fotogrametria e a Litoteca Municipal. São unidades de investigação descentralizada do Geoparque Litoral de Viana do Castelo, concretizando o papel crucial das instituições de ensino concelhio para o seu pleno desenvolvimento.
A Rede Escolar de Ciência e de Apoio à Investigação Científica pretende, assim, apoiar o desenvolvimento e a implementação da metodologia de trabalho de projeto como opção de fundo e o foco central do desenvolvimento curricular nas escolas de Viana do Castelo. Ou seja, a Rede Escolar pretende ser um estimulo ao conhecimento científico através da descoberta do meio local, a promoção do gosto e a prática da ciência em contexto fora da sala de aula, o incentivo ao intercâmbio de conhecimentos entre alunos e docentes do concelho e, investigadores, e desenvolver a interdisciplinariedade.
A Rede Escolar de Ciência e de Apoio à Investigação Científica irá apoiar a dinamização escolar de projetos fundamentados nos temas/domínios da comunicação de ciência, projetos científicos interagrupamentos, sessões de divulgação científica à comunidade, recolha e registo de património imaterial, inventário e cadastro de património construído (incluindo arqueológico), conservação de amostras pedagógicas e científicas, registos fotográficos, e testemunhos de sondagem, estudos de apoio à interpretação dos ambientes ancestrais, estudos de apoio à interpretação da biodiversidade de outrora, estudos apoiados em sondagens da crosta terreste, monitorização e interpretação de processos dinâmicos, estudos baseados em fotografia aérea, preparação de amostras para datação absoluta e preparação de amostras para estudos em palinologia (estudo dos pólens e outros microfósseis).
Livro apoia educadores e professores do Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior
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Geoparque Litoral de Viana do Castelo apresenta livro de apoio ao educadores e professores das escolas
O Geoparque Litoral de Viana do Castelo apresentou o “O Livro do Professor do Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior”, uma publicação destinada a apoiar a ação dos educadores e professores daquele agrupamento de escolas. A iniciativa contou com a presença do autarca de Viana do Castelo, José Maria Costa, e juntou mais de 180 professores e educadores.
O livro foi apresentado durante a iniciativa do projeto curricular integrador “Mar Maior” destinada aos docentes do Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior, que se enquadra nos objetivos da Estratégia Nacional para o Mar 2013–2020 e integra as áreas programáticas de educação, ciência e tecnologia e as de identidade e cultura do Plano Mar-Portugal.
Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal, José Maria Costa, sublinhou a importância do ensino fora das salas de aula, destacando os recursos do Geoparque Litoral de Viana do Castelo como elementos chave para a compreensão da evolução do território de forma interdisciplinar.
A parceria estratégica estabelecida entre aquele agrupamento escolar e o Geoparque Litoral de Viana do Castelo pretende apoiar a implementação do Mar Maior, trazendo às salas de aula a visão de que a valorização educativa do património regional, sob as suas mais variadas dimensões, é o passo decisivo para um serviço de formação científica e humana de qualidade.
O Geoparque Litoral de Viana do Castelo tem ainda em desenvolvimento e no âmbito da sua ação educativa, projetos curriculares com o Agrupamento de Escolas do Monte da Ola (A Pequena Idade do Gelo) e com o Agrupamento de Escolas de Arga e Lima (O Património Mineiro de Arga e Lima).
O programa educativo do Geoparque Litoral de Viana do Castelo é constituído por 13 propostas pedagógicas para as áreas do Estudo do Meio, Ciências Naturais, Biologia-Geologia, História e Arqueologia, e para os níveis de ensino do 1º Ciclo ao Secundário, incluindo a Educação Especial. Em todos as propostas pedagógicas existe a possibilidade de serem trabalhadas outras áreas curriculares, com especial destaque para a Geografia, a Física-Química e a Educação Física. O programa educativo do geoparque bem como outras informações relativas ao desenvolvimento do projeto podem ser consultadas no sítio da internet em www.geoparquelitoralviana.pt.
Câmara de Viana quer avançar com classificação de geoparque do litoral como património da UNESCO
A Câmara de Viana do Castelo vai avançar, até final de 2017, com uma candidatura à UNESCO para a classificação do geoparque do litoral do concelho como património da humanidade. A informação foi hoje avançada pelo presidente José Maria Costa no final da assinatura do protoloco de desenvolvimento daquele geoparque realizada na sala Couto Viana, na biblioteca municipal. O documento foi assinado entre a Câmara Municipal, o departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho, o departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, a Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, a Quercus e o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.
“Todo o trabalho de preparação da candidatura vai ser feito durante o ano de 2017, No final de 2017 estará concluído o dossier de candidatura para a apresentação formal”, afirmou hoje José Maria Costa.
Para o autarca socialista “hoje foi dado o tiro de partida” naquele processo “com a constituição da parceria técnica e científica que vai fornecer os instrumentos de base para formalizar uma candidatura dentro de um ano”.
“São sempre processos de uma grande complexidade. Têm que ser muito bem fundamentados do ponto de vista científico, muito bem alicerçados com as instituições e agentes locais e é isso que estamos a fazer”, frisou.
“Com este projeto pretendemos desenvolver atividades na área formação de alunos e professores e identificar este geoparque como uma oportunidade de turismo ligada à natureza”, referiu.
O autarca revelou ter já reunido com um representantes da UNESCO em Portugal para apresentar o projeto por considerar que se trata de “um património geológico de grande relevância nacional e internacional”.
Em abril passado o projeto do geoparque do litoral de Viana do Castelo foi distinguido com o Prémio Geoconservação 2016 atribuído pelo grupo português da ProGEO e pela Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico.
José Maria Costa acrescentou que no âmbito do desenvolvimento do geoparque do litoral a autarquia “já conseguiu obter a classificação de cinco geosítios e outros dez estão fase de classificação”, todos localizados, predominantemente, na faixa litoral do concelho.
No total, a inventariação realizada nos dois últimos anos pela autarquia identificou 17 locais como potencialmente alvo deste processo de classificação.
O processo de classificação visa conceder a estas áreas “um estatuto legal de proteção adequado à manutenção da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas e do património geológico, bem como à valorização da paisagem”.
O geólogo e responsável científico pelo projeto, Ricardo Carvalhido afirmou que a constituição do geoparque está orçada em cerca de 700 mil euros, financiados por fundos comunitários do Portugal 2020.
A primeira fase do investimento, 350 mil euros “está garantido com a aprovação de uma candidatura apresentada em março passado” e prevê “a instalação, nas proximidades dos monumentos naturais, de infraestruturas interpretativas como painéis, mesas interativas, criação de uma aplicação móvel, de conteúdos que permitem visitas virtuais e um sítio na internet”.
“O concurso público internacional para adjudicação destes infraestruturas vai ser lançado em janeiro de 2017 e tem prazo de execução de dois anos”, explicou.
Ricardo Carvalhido explicou que segunda fase do projeto, “com o mesmo envelope financeiro, vai ser candidatado até 31 de outubro”.
“Com essa segunda fase pretendemos alargar o geoparque a todo o concelho (320 quilómetros quadrados), enriquecer conteúdos com as mais variadas áreas e atualizar a informação sobre o geoparque”, explicou.
Universidades aliam-se a projeto do Geoparque Litoral
Os departamentos de Ciências da Terra das universidades do Minho (UM) e de Coimbra, o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e a Quercus são desde ontem os novos parceiros do Geoparque Litoral de Viana do Casfelo, que pretende tentar uma candidatura à Rede Mundial de Geoparques da UNESCO. O projeto nasceu em 2012 de uma tese de doutoramento do geólogo Ricardo Carvalhido e foi abraçado pela Câmara de Viana, começará ainda este ano e ao longo de 2017 a dar passos para se materializar no terreno como espaço de visita para turistas e escolas. O Geoparque compreende cinco “geossitios” classificados (e mais oito em processo de classificação), e tem disponível um primeiro financiamento de 350 mil euros para se lançar. Os promotores avançaram já com uma segunda candidatura ao Portugal 2020.
Geoparque Litoral de Viana do Castelo torna visível património geológico do concelho
É um património geológico com milhões de anos que vai passar a ter condições para ser fruído com o Geoparque Litoral de Viana do Castelo que pretende valorizar os cinco geossítios do concelho já classificados e os oito que ainda estão em processo de classificação.
O Geoparque Litoral de Viana do Castelo ganhou ontem mais um impulso com a constituição de uma parceria técnica e científica do município de Viana do Castelo com várias entidades que incluem o Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho, o congénere da Universidade de Coimbra; a Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, a associação ambientalista Quercus e o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.
Para o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa, trata-se de património geológico “de grande relevância nacional e internacional” que o município está empenhado em candidatar a Património da Humanidade, tendo já havido um contacto com a equipa da UNESCO em Portugal.
O edil vianense defende a necessidade de “dar visibilidade ao património geológico que não tem sido muito visível”.
Com o Geoparque Litoral, o município vianense quer desenvolver actividades na formação de alunos e de professores, mas encara, também, este património como uma oportunidade para o desenvolvimento de uma linha de turismo sustentável.
José Maria Costa lembra que, hoje, o turismo de natureza tem uma grande expressão na União Europeia.
Por outro lado, “ao desenvolver este trabalho com a parceria de várias universidades e entidades, temos oportunidade de criar condições para que haja mais investigação e mais projectos de conhecimento para aprofundar ainda mais aquilo que é o nosso espaço territorial”.
Para desenvolver o Geoparque Litoral, o município conta, numa primeira fase, com 350 mil euros, resultado de uma candidatura já aprovada no âmbito do Portugal 2020.
José Maria Costa admite que “é um projecto de alguma ambição”, mas sustenta que “vale a pena trabalhar em conjunto” e que a “tarefa está facilitada com parceiros de qualidade”.
Geoparque a Património da Humanidade
A candidatura do Geoparque do Litoral de Viana do Castelo a Património da UNESCO deverá ser apresentada até ao final do próximo ano. Esta é, pelo menos, a intenção do município de Viana do Castelo, anunciou ontem o presidente, José Maria Costa que deu conta que já houve uma reunião com a equipa da UNESCO em Portugal, mas realça que ‘são processos complexos’.
O processo está ‘a fazer o seu caminho’ que, neste momento, passa pela consolidação dos estudos de base.
Outra exigência é a constituição de uma parceria técnica e científica, que ontem foi formalizada, faltando ainda desenvolver o plano de acção para os próximos anos, trabalho de preparação que vai ser feito no decorrer do próximo ano, revelou ontem o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo que conta ter o dossiê de candidatura completo para a apresentação formal no final de 2017.
Viana quer pedir em 2017 classificação de geoparque como património mundial
O Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo anunciou hoje que, até final de 2017, vai ser formalizada uma candidatura à UNESCO para a classificação do geoparque do litoral do concelho como Património da humanidade.
“Todo o trabalho de preparação da candidatura vai ser feito durante o ano de 2017. No final de 2017 estará concluído o dossiê de candidatura para a apresentação formal”, afirmou hoje José Maria Costa.
Para o autarca socialista, que falava aos jornalistas no final da assinatura do protocolo para o desenvolvimento do geoparque litoral de Viana do Castelo, “hoje foi dado o tiro de partida” naquele processo “com a constituição da parceria técnica e científica que vai fornecer os instrumentos de base para formalizar uma candidatura dentro de um ano”.
“São sempre processos de uma grande complexidade. Têm que ser muito bem fundamentados do ponto de vista científico, muito bem alicerçados com as instituições e agentes locais e é isso que estamos a fazer”, frisou.
O protocolo de desenvolvimento daquele geoparque foi assinado entre a Câmara Municipal, o departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho, o departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, a Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, a Quercus e o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.
“Com este projeto pretendemos desenvolver atividades na área formação de alunos e professores e identificar este geoparque como uma oportunidade de turismo ligada à natureza”, referiu.
O autarca revelou ter já reunido com um representante da UNESCO em Portugal para apresentar o projeto por considerar que se trata de “um património geológico de grande relevância nacional e internacional”.
Em abril passado o projeto do geoparque do litoral de Viana do Castelo foi distinguido com o Prémio Geoconservação 2016 atribuído pelo grupo português da ProGEO e pela Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico.
José Maria Costa acrescentou que no âmbito do desenvolvimento do geoparque do litoral a autarquia “já conseguiu obter a classificação de cinco geossítios e outros dez estão fase de classificação”, todos localizados, predominantemente, na faixa litoral do concelho.
No total, a inventariação realizada nos dois últimos anos pela autarquia identificou 17 locais como potencialmente alvo deste processo de classificação.
O processo de classificação visa conceder a estas áreas “um estatuto legal de proteção adequado à manutenção da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas e do património geológico, bem como à valorização da paisagem”.
O geólogo e responsável científico pelo projeto Ricardo Carvalhido afirmou que a constituição do geoparque está orçada em cerca de 700 mil euros, financiados por fundos comunitários do Portugal 2020.
A primeira fase do investimento, 350 mil euros, “está garantida com a aprovação de uma candidatura apresentada em março passado” e prevê “a instalação, nas proximidades dos monumentos naturais, de infraestruturas interpretativas como painéis, mesas interativas, criação de uma aplicação móvel, de conteúdos que permitem visitas virtuais e um sítio na internet”.
“O concurso público internacional para adjudicação destas infraestruturas vai ser lançado em janeiro de 2017 e tem prazo de execução de dois anos”, explicou.
Ricardo Carvalhido adiantou que segunda fase do projeto, “com o mesmo envelope financeiro, vai ser candidatada até 31 de outubro”.
“Com essa segunda fase pretendemos alargar o geoparque a todo o concelho (320 quilómetros quadrados), enriquecer conteúdos com as mais variadas áreas e atualizar a informação sobre o geoparque”, explicou.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA) de Viana do Castelo está a realizar a “Semana da Terra”. Ao longo de cinco dias, estão a ser promovidas actividades para todas as faixas etárias nas instalações do centro e em espaços exteriores, com iniciativas como trilhos, visitas de trabalho ou limpezas.
Destinadas a crianças entre o pré-escolar mas também segundo, terceiro ciclos e ensino secundário e ainda centros de dia, as actividades estão a decorrer nas instalações do CMIA e em espaços exteriores. Para tal, estão a ser organizadas actividades de carácter educativo, cultural e desportivo, com o objectivo de potenciar os distintos públicos a que entrem em contacto com diferentes espaços e recursos naturais com vista a uma reflexão sobre a importância do planeta Terra.
Um trilho pedestre pelo monte de Santa Luzia, visitas à Portucel Viana, ao Parque Eólico e à Resulima e a limpeza da Ribeira de Portuzelo, são algumas das iniciativas da Semana da Terra, com 150 participantes, nomeadamente do Colégio do Minho, Escola Secundária e Pluricurricular de Santa Maria Maior, Escola Frei Bartolomeu dos Mártires, E.B. 1 de Vila de Punhe e Centro Social e Paroquial de Santa Marta de Portuzelo.
O Dia da Terra foi criado em 1970 quando o Senador norte-americano Gaylord Nelson convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição, sendo assinalado a 22 de Abril. A Terra é o terceiro planeta do Sistema Solar, tendo a Lua como seu único satélite natural. A Terra tem 510,3 milhões de quilómetros quadrados de área total, sendo que aproximadamente 97 por cento é composto por água (1,59 bilhões de km3).
Há cinco novos geomonumentos para visitar em Viana do Castelo
Câmara criou o Geoparque Litoral de Viana do Castelo, que resulta da investigação do geólogo Ricardo Jorge Carvalhido. E já ganhou o seu primeiro prémio.
O projecto só esta semana vai ter uma ampla divulgação pública, mas já recebeu, há dias, o prémio Geoconservação 2016 do grupo português da Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico (ProGEO). O novíssimo Geoparque Litoral de Viana do Castelo conta-nos, em cinco monumentos, alguns capítulos da evolução do nosso planeta, através das marcas que, nesse processo de centenas de milhões de anos, ficaram à vista na costa e no leito do rio Lima.Algumas das mais belas praias do país ganham, desta forma, outros motivos de interesse, que a ecovia do litoral norte coloca à distância de um passeio, de bicicleta ou a pé.
Quem viaja na Estrada Nacional 13, para norte da cidade de Viana, tem à sua direita o Monte de Santa Luzia e à esquerda, em direcçãoao mar, a famosa veiga da Areosa. O que poucos sabem é que aquele imenso torrão de terra fértil que se estende até ao alcantilado de Montedor, já em Carreço, cobre um lago ancestral, que há 18 mil anos ali existia, e cujos sedimentos, a pouca profundidade, ajudam a explicar a fertilidade destes solos húmidos, debaixo dos quais correm pequenos regatos que, por entre penedos, às vezes, descobrem o seu caminho até ao Atlântico.
Nessa altura a linha de costa estava a grande distância, explica-nos o investigador Ricardo Jorge Carvalhido, responsável pelo estudo que deu origem à criação deste novo parque. Durante dez anos, este licenciado em Biologia e Geologia da Universidade do Minho percorreu, a pé, centenas de quilómetros de praias rochosas, procurando perceber nelas os diferentes momentos de formação da paisagem que hoje temos à frente dos olhos e dos quais há marcas que remontam a mais de 500 milhões de anos. Num dos períodos do Paleozóico, o oceano Rheic separava dois enormes continentes, antes de o seu fecho, por via dos movimentos das placas tectónicas, ter dado origem ao supercontinente que conhecemos com Pangea.
São muitas as histórias que estas pedras têm para contar. Durante o doutoramento, Ricardo Jorge Carvalhido escutou-as e, num primeiro momento, chegou a identificar 17 geossítios. De um segundo lote de 13 destacou seis de “excepcionalidade científica”: De norte para sul, o Alcantilado de Montedor, o da Praia do Canto Marinho (ambos em Carreço), o das Pedras Ruivas, que agregam o sítio do Fortim de Rego de Fontes (em Areosa/Monserrate), o das Ínsuas do Lima, no estuário do rio Lima, e a Ribeira de Anha. O académico e dirigente distrital da Quercus não tem dúvidas de que estas áreas agora classificadas, que abrangem um perímetro de mais de 600 hectares, têm um elevado potencial turístico e educativo, “mas também um elevado risco de degradação”, que exige acções de protecção e conservação”, algumas delas já iniciadas.
As bolas de granito no Canto Marinho
O presidente da Câmara de Viana, José Maria Costa, recorda que, há uns anos, a praia do Canto Marinho ganhou o estatuto de Praia Dourada, algo que o município nunca divulgou muito, com receio de que uma visitação mais intensiva acabasse por degradar este espaço. Que deve o seu nome ao som do mar bulioso, batendo num extenso, e baixo, muro de pedra escura, no meio do qual há umas enormes bolas de granito que chegaram a ser interpretadas como um tsunamito, depósito resultante de um enorme tsunami que, segundo os registos antigos, devastou em 60 AC a costa do que é hoje o Norte de Portugal e a Galiza, afugentando as populações para a montanha.
Na sua investigação, Ricardo Jorge Carvalhido acabou por “estragar” a história, ao reinterpretar estas estranhas bolas, que parecem também ter sido para aqui atiradas por algum gigante, como resultantes da migração difusa (pelo ar) de enormes “gotas” de magma. Mas nem por isso ignorou este aspecto geocultural, no guia de campo que escreveu, O Livro de Pedra (que será apresentado esta semana). Aliás, a descrição destes cinco geomonumentos inclui sempre aspectos da interacção do homem com estes espaços. Se no Alcantilado de Montedor são bem visíveis inscrições rupestres numa pequena baía, no Canto Marinho a paisagem é dominada pelas mais de 700 pias salineiras (rocha escavada onde a água salgada era colocada ao sol, para produzir sal) que ajudam o geólogo a perceber que o nível do mar estaria abaixo da quota destas rochas no período pré-romano, há quatro ou cinco mil anos.
Em contraponto, junto ao Fortim da Areosa (Monumento das Pedras Ruivas) existem em zona de poça de maré concentrações de álveolos de antepassados dos ouriços do mar (icnofosséis), que demonstram que aquelas pedras onde hoje podemos andar já estiveram, há 124 mil anos, debaixo de água. Ricardo Jorge Carvalhido explica que os topos aplanados dos rochedos à nossa frente não são mais do que os restos das praias que aqui havia nesse período interglaciar e que, no chão, o terreno onde medram algumas plantas resistentes esconde, mal, os sedimentos da tal lagoa, que terá existido durante sete mil anos, até há 11 mil anos, alimentada pelas águas que escorriam da montanha.
Outra marca, esta mais recente, do convívio do Homem com estas praias são as pesqueiras que foram construídas nos interstícios das formações rochosas. Com recurso a pedras soltas, na Idade Média as populações fechavam pequenas baías naturais que na preia-mar eram cheias com água e peixe que, após a descida da maré, ali ficava preso, à disposição dos pescadores. As pedras dessas camboas ainda aqui estão, à vista de quem souber interpretar a sua função, que acabou por inspirar outras intervenções humanas ainda mais recentes: as piscinas de marés da Praia Norte, que seguem, no fundo, o mesmo princípio.
O Parque Geológico do Litoral de Viana do Castelo vai estar em grande destaque nas comemorações da Semana da Terra, que decorrem desta segunda a sexta-feira na cidade. Investigadores, comunidade escolar, ambientalistas e operadores turísticos vão abordar, em diferentes perspectivas, a importância destes monumentos para a comunidade e os seus diferentes usos. E, no que toca a usos, Ricardo Carvalhido fez questão de convidar um artista plástico, Carlos Neves, que um dia descobriu numa das praias, fazendo “land art” com as pedras soltas, para mostrar que eles, os usos, são múltiplos, e por vezes nada óbvios. Algo que podemos ver na sexta-feira, Dia Mundial da Terra e Dia Nacional do Património Geológico, pelas 9h, no workshop de esculturas naturais e meditação que acontecerá no Alcantilado de Montedor.
Acesso pela Ecovia do Litoral Norte
O presidente da Câmara de Viana não teve dúvidas e apadrinhou desde o primeiro momento a proposta de criação deste geoparque. “Dentro do Património Natural o geológico é normalmente colocado em segundo plano, mas nós temos aqui uma geodiversidade muito grande e monumental”, afirma o autarca, adiantando que estão a ser elaborados guias para turistas mais familiarizados com este tipo de património e outro material de apoio para as escolas do concelho, que poderão, com ele, organizar aulas e visitas de campo, educando as crianças para a importância destes monumentos e para a forma como, ao longo da pré-história e da história, o homem se foi relacionando com eles.
Um dos monumentos classificados, as ínsuas do Lima, ilhotas de formação recente bem visíveis das pontes de acesso à cidade, foram até há pouco tempo usadas como pastos para gado, e nas margens do rio ainda há marcas de antigas salinas abandonadas. Ricardo Jorge Carvalhido gostaria de ver uma delas reabilitada, como centro de interpretação de uma actividade que já foi muito importante para o concelho. E o certo é que, na margem sul, em Darque, está em fase de licenciamento um projecto turístico, o Salinas Parque, que vai explorar essa relação antiga com a produção de sal, revelou ao PÚBLICO o autarca de Viana.
José Maria Costa e Ricardo Jorge Carvalhido comungam a ideia de que estes geomonumentos podem atrair um turismo sustentável, não massificado e quebrar a sazonalidade habitual nas praias da costa portuguesa, frequentadas basicamente no Verão. E para isso contam com um aliado de peso. Neste momento estão a terminar as obras de construção da Ecovia do Litoral Norte, que passa por estes espaços, e os torna acessíveis a pé ou de bicicleta. O passeio, que já era bonito de fazer, ganhou por isso outros motivos de interesse.
Geoparque Litoral de Viana do Castelo vence prémio nacional
Geoparque Litoral de Viana do Castelo vence prémio nacional
Projeto resulta de uma década de investigação de Ricardo J. Carvalhido, da UMinho
O novo Geoparque Litoral de Viana do Castelo, nascido de uma investigação da Universidade
do Minho, venceu o Prémio Geoconservação 2016, atribuído pelo grupo português da
Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico (ProGEO). Este projeto
inclui 13 geossítios, cinco deles monumentos naturais, revelando mais de 500 milhões de anos
da evolução geológica do planeta. A estrutura é apresentada esta sexta-feira, às 15h30, na
biblioteca municipal vianense, assinalando o Dia Internacional do Património Geológico e o Dia
Mundial da Terra.
A sessão conta com Ricardo Jorge Carvalhido, geólogo da UMinho e líder científico do projeto,
que apresentará o “Livro de Pedra” e um “topoguia”, para apoiar os cidadãos na descoberta do
geoparque. Prevê-se ainda a presença do autarca vianense José Maria Costa e da secretária
de Estado do Ordenamento do Território, Célia Ramos. O geoparque, em fase adiantada de
arranque, resulta de dez anos de pesquisa de Ricardo J. Carvalhido, incluindo centenas de
quilómetros percorridos no litoral, o seu doutoramento, publicações em revistas internacionais e
ações/formações para escolas, técnicos de turismo e docentes do básico e secundário.
Bolas de granito parecem atiradas por gigantes
Os monumentos naturais do geoparque são Pedras Ruivas, Canto Marinho, Alcantilado de
Montedor, Ribeira de Anha e Ínsuas do Lima. Ricardo J. Carvalhido realça que “têm enorme
potencial turístico e educativo, mas também risco de degradação, exigindo medidas de
conservação e proteção, algumas delas já iniciadas”. Para o cientista e a autarquia, o
geoparque vai promover o turismo sustentável e segmentado, anular a sazonalidade das praias
e beneficiar ainda da Ecovia do Litoral Norte, quase pronta.
Em Canto Marinho, as grandes bolas de granito parecem atiradas por gigantes, mas dever-seão
a gotas de magma que irromperam entre as rochas mais antigas há mais de 300 milhões de
anos. A curta distância, surgem 700 pias escavadas na rocha a revelar que ali se extraía sal há
5000 anos. Já as Pedras Ruivas preservam restos de praias antigas, lavradas pelo mar há 125
mil anos, a crer pelas rochas com sulcos de antepassados dos ouriços-do-mar e os penedos
aplanados no topo. Numa baía de Montedor há inscrições rupestres. A veiga da Areosa, à
esquerda do monte de Santa Luzia, cobre um lago que existiria há 11 mil anos. As ilhotas do
Lima serviram de pastos para gado e, nas margens, marcas de antigas salinas indiciam a ação
tectónica da falha do Lima. O geólogo da UMinho deseja ver um dos núcleos salineiros
reabilitado como centro de interpretação dessa atividade que marcou a região.