Viana do Castelo cria banco com baldios para “anular” emissões de carbono de empresas

Março 25, 2021
Viana do Castelo cria banco com baldios para “anular” emissões de carbono de empresas

A Câmara de Viana do Castelo está a implementar um Banco de Carbono dos Baldios, considerado uma “estrutura pioneira no país” que pretende “descarbonizar a atividade industrial das empresas instaladas nos parques empresariais do concelho”.

“Viana do Castelo tem um tecido empresarial ativo e em franco crescimento. E sabemos que o crescimento empresarial tem impacto na atmosfera, através da emissão de gases, alguns com potente efeito de estufa, induzindo o aquecimento do ar. As empresas conhecem essas produções, nomeadamente de dióxido de carbono, um dos gases de estufa, e estão empenhadas em garantir a neutralidade em termos de libertação de carbono para a atmosfera. Como se consegue isso? Plantando”, explicou hoje à Lusa o vereador do Ambiente e Biodiversidade.

Contactado pela Lusa a propósito de uma nota hoje divulgada à imprensa pela autarquia da capital do Alto Minho, Ricardo Carvalhido explicou que “as árvores, as rochas carbonatadas do fundo oceânico e os animais marinhos de concha são os sumidouros de carbono do planeta”.

“Retém este gás, retirando-o do ar. Portanto, estamos a criar uma bolsa de carbono nos baldios que permitirá às empresas sediadas nas nossas áreas empresariais e outras instituições anularem as emissões de carbono que libertam em resultado da sua atividade que também é necessária”, destacou.

O novo projeto “nasce de uma parceria entre os pelouros do Ambiente, de Ricardo Carvalhido, e do Desenvolvimento Económico, de Luís Nobre, a Comissão de Baldios e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC)”.

Segundo Ricardo Carvalhido, “neste momento os 13 órgãos de gestão (nove conselhos diretivos de baldios e quatro juntas de freguesia) já estão a identificar as áreas que constituirão o fundo de carbono”.

“A segunda etapa que iniciaremos logo de seguida é a tipificação ou caracterização dessas áreas e das necessidades que implicarão o seu uso. Queremos perceber se essas áreas estão ocupadas por vegetação exótica que é necessário erradicar, se são áreas que não tem vegetação, mas que requerem preparação de terreno, ou se são áreas que precisam de criação de acessos”, especificou.

Segundo Ricardo Carvalhido, o trabalho atualmente em curso pretende “identificar os espaços elegíveis para posterior caracterização”.

“Estes dois passos é que criam formalmente o Banco de Carbono dos Baldios, em linha com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica da economia portuguesa 2050, lançado pelo Governo”, adiantou.

Aquele roteiro “visa atingir a neutralidade carbónica em 2050 através do reforço da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas e por outros usos do solo”.

“A implementação desta estratégia, no entender da Câmara Municipal, e aliada às áreas baldias do concelho, poderá constituir-se, de futuro e com a cimentação de regras e princípios, como um dos elementos do mercado voluntário de carbono do país e contribuir decisivamente para a alteração do perfil ecológico da floresta, incrementando o seu valor genético e dos ecossistemas, e a redução dos incêndios florestais”, sustenta a nota hoje divulgada pela autarquia.

A Comissão Municipal de Baldios de Viana do Castelo iniciou funções em março de 2019, por altura do Ano Municipal para a Recuperação da Floresta Nativa Portuguesa, reunindo trimestralmente.

Fonte: AGROPORTAL